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O JARDIM VIVO
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Rainha. Com grande surprêsa sua, porém, perdeu-a de vista logo depois e achou-se de novo na porta da casa. Aborrecida, Alice fêz meia volta. Enxergou a Rainha ao longe e insistiu em chegar até ela por meio dum estratagema, que foi, como aconselhara a Rosa, caminhar em sentido contrário.

Acertou. Depois dum minuto de marcha encontrou-se cara a cara com a Rainha, justamente em cima do tal morro que tanto lutara por atingir.

— Donde vem você? indagou a Rainha Negra. E para onde vai? Levante a cabeça, fale com calma. Não fique assim a torcer os dedos.

Alice desculpou-se, dizendo que havia perdido o seu caminho.

— Não sei o que você entende por seu caminho. Todos os caminhos aqui são meus, disse a Rainha. Mas donde vem, afinal de contas? repetiu em tom mais amável. Seja delicada na resposta. Isso valerá alguma coisa.

Alice admirou-se da recomendação e vacilou na resposta, o que fêz a Rainha insistir.

— Vamos, responda! disse ela olhando para o relógio. É tempo. Abra mais a bôca e quando falar diga sempre Vossa Majestade.

— Eu apenas queria conhecer este jardim, Majestade, gaguejou a menina.

— Está direito, aprovou a grande dama dando tapinhas na cabeça de Alice. Entretanto êste jardim não passa dum matagal em comparação com os jardins que eu conheço.