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OS INSETOS DO ESPELHO
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gostei ou não! Gostei, sim, hei de responder, embora fizesse muito calor e os elefantes me metessem mêdo.”

E depois duma pausa: “O melhor será descer pelo outro lado. Visitarei os elefantes mais tarde. Agora tenho de alcançar a terceira casa.”

E com essa desculpa Alice pulou o primeiro dos seis riozinhos que separavam as casas do tabuleiro de xadrez.


* * *


— Os seus bilhetes, façam favor! disse o Guarda pondo a cabeça na janela. Imediatamente todos puxaram os respectivos bilhetes, que eram quase do tamanho dos passageiros.

— Vamos, o seu bilhete, menina! continuou o Guarda olhando severamente para Alice. Em tôrno vozes zangadas murmuravam com azedume: — Não faça o Guarda esperar, menina! O tempo aqui vale mil libras esterlinas por minuto.

— Creio que não tenho bilhete, respondeu Alice em tom medroso. Não encontrei nenhuma bilheteria pelo caminho, lá na terra donde vim.

Apesar da sua desculpa, o côro de vozes zangadas continuou: — Não há lugar aqui para gente dessa tal terra. A nossa terra vale mil libras esterlinas a polegada.

— Não se desculpe, prosseguiu o Guarda. Você comprou um bilhete ao foguista da máquina, eu sei. Só a fumaça da máquina vale mil libras cada baforada.