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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

— Que espécie de inseto? perguntou Alice amedrontada, porque podia ser algum inseto de ferrão venenoso. Mas não pôde ouvir a resposta: o trem entrara a apitar precisamente naquele instante.

O cavalo, que havia metido a cabeça pela janela, recolheu-se de novo, dizendo: — Um grande rio! Temos de pular por cima

Todos os passageiros mostraram-se contentes com a novidade, menos a menina, que se apavorou com a idéia dum trem a saltar como cabrito por cima de rios. “Em todo caso”, pensou, “irei cair na quarta casa e tarei livre dêstes trapalhões.” Logo em seguida percebeu que o trem se levantava no ar, já no pulo. De mêdo de cair, agarrou-se ao que estava mais perto da sua mão. ra a barba dum bode.


* * *


Mas a barba do bode como que se derreteu na mão de Alice, que de novo se achou sentada debaixo da árvore, enquanto o Pernilongo (era o tal inseto de vozinha débil) se balançava num ramo sôbre a sua cabeça, a abanar-se com as asas.

Um pernilongo bem grande, assim do tamanho duma galinha. Não obstante, Alice não teve mêdo nenhum.

— Com que então você não gosta de todos os insetos! disse êle calmamente como se nada houvesse acontecido.

— Gosto só dos que falam, respondeu Alice. Mas nenhum fala, lá na terra donde venho.