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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

rinho. Ia fazendo isso quando o marcado com a sílaba DUM abriu a bôca para falar.

— Se você pensa, disse êle, que somos bonecos de cêra, tem que pagar dinheiro. Ninguém pode ver bonecos de cêra de graça.

— E se pensa que somos gente viva, então tem que falar! disse o marcado com a sílaba DEE.

Alice estava nesse momento com os versos duma velha canção popular a lhe fazerem cócegas na memória, de modo que em vez de responder declamou em voz alta os versos:

Tweedledum e Tweedledee
Combinaram uma batalha
Porque Dum furtara a Dee
Uma barulhenta gralha;

Mas nesse instante surgindo
Dum policial a barriga
Os dois temíveis heróis
Esqueceram logo a briga.

— Sei o que você está pensando, disse Tweedledum, mas posso garantir que não é verdade.

— Se não é verdade poderia sê-lo, disse Tweedledee, e se tivesse sido verdade seria verdade, mas como não foi verdade, não é verdade. Isto é lógico.

— Eu estava pensando, explicou Alice polidamente, sôbre qual seria o melhor caminho para sair desta floresta, visto como a noite está prestes a chegar. Poderão os senhores dar-me qualquer informação a respeito?