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TWEEDLEDUM E TWEEDLEDEE
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Os homenzinhos limitaram-se a olhar um para o outro e a sorrir. Pareciam de tal modo dois meninos de escola que Alice não pôde resistir à tentação de apontar com o dedo para Dum e dizer:

— Aluno da esquerda, vamos, responda!

— Isso é que não! exclamou Dum enèrgicamente, fechando a boca num estalo.

— Aluno da direita, responda! continuou Alice volvendo os olhos para Dee.

— Você começou errando, respondeu Dum. A primeira coisa que se faz numa visita é dizer: — Bom dia! Como passam os senhores? e em seguida estender a mão. E dizendo isto Dum abracou Dee e espichou a mao para Alice. Dee fêz o mesmo.

Alice ficou embaraçada. Se apertasse a mão do primeiro, o outro poderia ficar ofendido. Para evitar questões espichou as duas mãos e apertou ao mesmo tempo as mãos que Dum e Dee estendiam. Imediatamente ao fazer isso achou-se a dançar com êles em redor da árvore, ao som de música. Pareceu-lhe que a música vinha da própria árvore, a qual esfregava os galhos uns contra os outros, como arcos de violinos.

— Era esquisitíssimo (explicou ela mais tarde à sua irmã, quando lhe narrou estas aventuras) aquilo de achar-me a cantar o estribilho do “Aqui estamos girando em tôrno da cerejeira”, canção que não sei como me veio à memória. E o tempo que passei cantando isso!...

Como fôssem extremamente gordos os homenzinhos, logo ficaram sem fôlego.