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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

— Dez voltas em torno da árvore, é o bastante para uma contradança, disse Dum com a língua de fora. Dee concordou e ambos pararam de brusco, da mesma forma por que haviam começado a dançar. Também a música cessou incontinênti. Em seguida largaram a mão da menina e ficaram a olhá-la por todo um minuto. Foi uma pausa que atrapalhou Alice. Não sabia como iniciar de novo a conversa. “Deverei agora dizer: Bom dia, como vão os senhores? ou é tarde demais para isso?” pensou consigo.

— Suponho que os senhores estão muito cansados, disse ela afinal.

— De modo nenhum, respondeu Dum. Em todo caso, muito agradecido fico de me haver feito essa amável pergunta.

— Muito obrigado também fico pela minha parte, disse Dee. E em seguida: — Diga-me, gosta de poesia?

— S... sim, muito. Isto é, de certas poesias, respondeu Alice meio na dúvida. Mas... poderão os senhores ensinar-me o caminho para sair desta floresta?

— Que poesia devo recitar? perguntou Dee virando-se para Dum com grande solenidade, como se não tivesse ouvido a pergunta de Alice.

— A Foca e o Carpinteiro, que é a mais comprida, respondeu Dum dando novo abraço em Dee.

Este começou imediatamente:

O sol brilhava sobre o mar...

Era de fato uma poesia tão comprida que Alice dormiu no meio. História duma foca que encontrou um