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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

— Não me parece que vai chover aqui dentro, não.

— E fora?

— Fora poderá ser, se a chuva entender de cair. Tudo depende da vontade dela, opinou Tweedledee.

— Imbecis! exclamou Alice, resolvida a despedir-se dêles com um sêco boa noite. Mas Tweedledum saiu de debaixo do guarda-chuva e segurou-a pelo pulso.

— Está vendo aquilo ali? perguntou vivamente, com os olhos arregalados para um objeto que jazia ao pé da árvore.

— Sim, uma bandeira, respondeu Alice depois de rápido exame. Não um tamanduá-bandeira, acrescentou, julgando que Dum estivesse apavorado, mas uma simples bandeira velha, um trapo.

— Eu sabia disso! gritou Dum começando a pinotear e a arrancar os cabelos. Está rasgada, é um trapo, sim, concluiu olhando para Dee. Dee imediatamente sentou-se no chão e procurou ocultar-se atrás do guarda-chuva aberto.

Alice apoiou a mão sôbre o braço dêle e disse em tom calmante: — Não é caso de ficar tão impressionado assim! Uma coisa tão à-toa...

— Mas não é trapo nenhum! berrou Dum com furor na voz. Trata-se duma bandeira novinha que comprei ontem — a minha linda BANDEIRA NOVA! rematou num grito agudíssimo.

Por êsse tempo estava Dee fazendo o possível para fechar o guarda-chuva consigo dentro — coisa que muito impressionou a menina — tudo de mêdo da cólera de Dum. Só o conseguiu furando o pano do guarda-chu-