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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

— Há muito caranguejo por aqui? perguntou Alice.

— Caranguejos e tudo mais, respondeu a ovelha. Há de tudo que se queira. Que deseja você comprar?

— Comprar! repetiu Alice em tom de admiração e mêdo, porque o bote, o rio, os guapés, tudo havia desaparecido num momento e ela estava de novo na lojinha da ovelha.

— Quero comprar um ôvo, disse por fim a menina timidamente. Quanto custa?

— Cinco níqueis. Dois custam um níquel, respondeu a ovelha.

— Então um custa mais do que dois? indagou Alice surprêsa, tirando a sua bolsinha de níqueis do bolso.

— Sim, mas você tem de tomar os dois ovos, se comprar os dois, disse a ovelha.

— Nesse caso dê-me apenas um, resolveu Alice pondo cinco níqueis sobre o balcão. “Eles podem estar podres”, pensou ela consigo, “e nesse caso meu sacrifício será menor.”

A ovelha tomou o dinheiro e o guardou numa caixa. Depois disse: — Eu nunca entrego as coisas que me compram nas mãos dos fregueses, por isso pegue você mesma o ôvo. Assim dizendo tirou ela duma prateleira um ôvo e o pôs de pé sôbre a prateleira mais alta.

— Por que será que faz isso? pensou Alice enquanto se dirigia por entre as cadeiras e mesas para onde estava a prateleira do ôvo. Mas a loja era muito escura e Alice teve de tatear.

“Parece que o ôvo foge à medida que me aproximo dêle!” pensou. Espere... Será uma cadeira êsse