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Página:Alma de Mulher - Maria Feio (1915).pdf/20

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Aquece-me sómente a chama de um imenso amor humanitario que se ateou no meu coração cultivado pelo seu desvelado carinho. Por isso lh'o devolvo condensado na idolatria com que a diviniso e venero. Justa idolatria que se não confunde com nenhum interesse convencional por ser uma expressão bem cristalina de justiça. Idolatria que é um dever, um sentimento reconhecido florindo da haste mirrada do meu desalento antigo transformado pelas suas mãos em rebento florido de fé e esperanças novas e ideaes.

Eu as venero essas mãos de inspirada que sustiveram á beira do abysmo em que se precipitam os torturados, a caminheira da desdita esmorecida de desconforto n'uma vida de penas que era a morte, e avançando através da espessa neblina de sombras, de duvidas, de penas e de nostalgias.

Bemdigo, hoje e sempre, esse gesto, que amparou as mãos que se lhe estenderam, impulsionadas pela força misteriosa do instinto, e certas de encontrar consolo e refugio no seu nobre coração.

E, invocando o Ideal Sagrado da bondade, a minha alma se curva em devoção suprema e eterna perante a grandeza de espirito e de sentimento, que envolve a sua