Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/151

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— «Isso sim!... Ainda a não conhece pessoalmente?

— «Devo tê la conhecido em criança; mas, como sabe, ha uns poucos d’annos que n’esta epoca vou para fóra. Aborrece-me toda esta pretenção de terra de provincia a acapitalar-se.

— «Pois tem perdido bastante, porque ha interessantissimos exemplares d’esta sociedade que cae de podre. Esta m.ᵉˡˡᵉ Hortense Mouton, por exemplo, é deliciosa de tolice.

— «Mouton, quem é?

— «Pois não sabe que ella traduziu o appellido infamemente portuguez?

— «Ora póde lá ser! Diz isso por graça, não diz?

— «Não; é certo. Affiançou-me, pelo menos, uma das suas mais intimas amigas que tem cartas assignadas assim.

— «O que prova a eterna perfidia feminina...

— «Nem que os homens a não tivessem egual, ou peor! Olhe, não procuremos mais longe. Vê aquelles tres elegantes que seguem no coice do prestito maximiano, levando em triumpho a baroneza da Amieira?

— «Só conheço, e mal, o visconde de Alvora.

— «Esse é attaché na legação da Russia, onde nunca poz os pés, mas recebe uns mil reis diarios como official do ministerio dos estrangeiros, onde só vae nos princípios dos mezes para lhe darem o ordenado. O outro é o sr. D. Manuel Pereira de Vasconcellos, que se diz descendente do condestavel Nuno Alvares Pereira, não sei porque bullas, nem mesmo quero perguntar, para não ficar esmagada sob uma alluvião de nobiliarchias.