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todos, sem que ninguem lhe pague o sermão. Não digo que seja mau, mas muito adiantado não está, não se póde comparar com um rapaz sahido da escola, conhecedor de todos os processos mais modernos.

— «Não sei. Eu cá só me quero com elle. O Vilhegas será muito bom, não contesto, mas cheira-me a intrujão.

— «Pois não é, fique sabendo que é um talento!

— «Será!...

— «Mas o que tem a pequena? — perguntou o Braga, que não estava ainda satisfeito.

— «Não sabem ao certo. Dizem que é nervoso. O nervoso agora serve para tudo. Ella é fraquita. O João é que fica um bom partido, para mais de quinhentos contos!...

— «Hum! Não lhe hãode durar muito, acostumado a viver no estrangeiro...

— «Deixe lá, amigo Braga, um estudante lá fóra não gasta mais do que gasta por cá; e sempre trazem outro lustro — contradictou o cura todo de ideias avançadas e amigo do progresso.

— «Ha o perigo de se não darem cá depois, como succedeu ao Pedro d’Athayde da casa da Fradosa. Veio lá de Paris com taes ideias que não podia tolerar a familia — ponderou o recebedor.

— «Não, esse caso foi outro. Sei-o eu melhor do que ninguem, porque fui amigo do Pedro desde a escola do padre . Era um bom rapaz! Generoso, franco, não podia ver uma desgraça que não a alliviasse com dinheiro, conselhos e