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favores, tudo! Era uma joia. Mataram-n’o os beatos que se metteram lá em casa e que elle não podia supportar. Com as suas ideias livres, a sua consciencia clara, era um escandalo na casa que se tornou um asylo de quantas irmãsinhas, frades e freiras, apparecem por ahi. O rapaz dizia, e dizia bem, que não se importava que rezassem e jejuassem sempre que lhes appetecesse, mas que o não quizessem converter a elle, que o deixassem em paz ir para o inferno ou para o céo á sua vontade. Houve questões horrorosas entre elle e o pae, que é o verdadeiro beato da casa. Por fim descoroçoou e partiu outra vez para França. Lá morreu, ou se matou. Viram-se livre d’elle e agora resam-lhe por alma. Eu sou padre, mas não gosto de beaterios. Tambem tenho tanta vocação para isto como para fiar na roca.

— «Ora, deixe se de contos, homem! Aquillo são tolices do Mello que perdeu o juizo com o dinheiro do Brazil. Metteu-se a fidalgo, casou com a prima da viscondessa, já quer os filhos educados como principes.

— «E soberbo!... — começou o Domingos, já serenado, visto que a critica principiava — não ha quem lhe chegue! E quer fazer lordes de toda a familia. Ao Vilhegas, lá porque era primo em decimo grau, emprestou-lhe o dinheiro p’rós estudios. Já se viu assim uma coisa?!

— «Quem os conheceu!... — grunhiu o Braga entre uma baforada de cigarro e um solo resmungado a mezza voce.

— «Deixem lá, que elle é bom homem — terminou o cura, com a ultima carta que lhe sahiu