Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/279

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— «É verdade, o que é o Telles, sabes?

— «Inspector não sei de quê...

— «É espantoso!... Em todo o caso eu é que ganhei com tudo isso. Ficarei livre de uma vez para sempre dos influentes politicos?!... Poderei pensar na minha terra e na minha casa sem o pesadello que me amargurava o tempo que lá estava, o melhor do meu anno?!...

— «Não soffres então com o triumpho dos maximianos!... — perguntou-lhe Isabella por troça.

— «Oh filha, quanto lho desejava ha muito!

— «Pois nem elle, nem principalmente a mulher, pensam ter-te dado tanta satisfação.

— «Bem sei. Nem admiro que não comprehendam o meu sentir. Somos tão differentes! A politica, esta nauseante politica portuguêsa de empenhos e partidinhos, fez-se para gente com o seu feitio. Custava-me vêr o nome do Duarte baralhado no mesmo jogo. Prefiro vê-lo outra vez o arbitro da elegancia...

— «Um novo Petroneo d’este baixo imperio... — riu ainda Bella.

— «Sim, visto por um binoculo ás avessas, como tudo é por cá... Sabes que a Candida é tambem considerada a elegante maxima de Lisboa?! Tem feito successo. Se a visses este anno em Cintra, n’uma festa de caridade vendendo bilhetes na barraca da Belleza, estava realmente um deslumbramento, a verdadeira personificação do bello. O triumpho mais completo da materia sobre o espirito...

— «Na barraca da Belleza! Como então?!... Não me contaste isso.