Página:Amor de Perdição (1862).pdf/111

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rosto do academico, e a cada contracção da fronte d’elle, angustiava-se-lhe a ella o coração. Não teve mão da sua ancia, e perguntou:

— É noticia má!

— Tu és muito atrevida, rapariga! — disse João da Cruz.

— Não é, não — atalhou o estudante. — Não é má a noticia, Marianna. Senhor João, deixe-me ter na sua filha uma amiga, que os desgraçados é que sabem avaliar os amigos.

— Isso é verdade; mas eu não me atrevia a perguntar o que a carta diz.

— Nem eu perguntei, meu pae; foi porque me pareceu que o senhor Simão estava afflicto quando lia.

— E não se enganou — tornou o doente, voltando-se para o ferrador. — O pae arrastou Thereza ao convento.

— Sempre é patife d’uma vez! — disse o ferrador, fazendo com os braços instinctivamente um movimento de quem aperta entre as mãos um pescoço. N’este lance um observador perspicaz veria luzir nos olhos de Marianna um clarão de innocente alegria.

Simão sentou-se, e escreveu sobre uma cadeira, que Thereza espontaneamente lhe chegou, dizendo:

— Em quanto escreve, vou olhar pelo caldinho, que está a ferver.

«É necessário arrancar-te d’ahi — dizia a carta de Simão. — Esse convento ha de ter uma evasiva. Procura-