Página:Amor de Perdição (1862).pdf/137

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palavra. Simão escutára-a placidamente até ao ponto em que lhe ella disse que o primo Balthazar a acompanhava ao Porto.

— O primo Balthazar!... — murmurou elle com um sorriso sinistro — sempre este primo Balthazar cavando a sua sepultura e a minha!...

— A sua, fidalgo?! — exclamou João da Cruz — morra elle, que o levem trinta milhões de diabos! mas v. s.^a ha de viver em quanto eu fôr João. Deixe-a ir para o Porto, que não tem perigo no convento. D’hora a hora Deus melhora. O senhor doutor vai para Coimbra, está por lá algum tempo, e ás duas por tres, quando o velho mal se precatar, a fidalguinha engrampa-o, e é sua como dois e dois serem quatro.

— Eu hei de vêl-a antes de partir para Coimbra — disse Simão.

— Olhe que ella recommendou-me muito que não fosse lá — acudiu Marianna.

— Por causa do primo? — tornou o academico ironicamente.

— Acho que sim, e por talvez não servir de nada lá ir v. s.^a — respondeu timidamente a moça.

— Lá se quer — bradou mestre João — a mulher vai-se-lhe tirar ao caminho. Não tem mais que dizer.

— Meu pae! não metta este senhor em maiores trabalhos! — disse Marianna.

— Não tem duvida, menina — atalhou Simão — eu é