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Balthazar — por entender que me avilto, castigando-o, na presença de criados de meu tio, que tu pódes suppôr meus defensores, canalha!

— Se assim é — tornou Simão, sorrindo — espero nunca me encontrar de rosto com s. s.^a. Reputo-o tão covarde, tão sem dignidade, que o hei de mandar azorragar pelo primeiro ganha-pão das esquinas.

Balthazar Coutinho lançou-se de impeto a Simão. Chegou a apertar-lhe a garganta nas mãos; mas depressa perdeu o vigor dos dedos. Quando as damas chegaram a interpôr-se entre os dois, Balthazar tinha o alto do craneo aberto por uma bala, que lhe entrára na fronte. Vacillou um segundo, e cahiu desamparado aos pés de Thereza.

Thadeu de Albuquerque gritava a altos brados. Os liteireiros e criados rodearam Simão, que conservava o dedo no gatilho da outra pistola. Animados uns pelos outros e pelos brados do velho, iam lançar-se ao homicida, com risco de vida, quando um homem, com um lenço pela cara, correu da rua fronteira, e se collocou, de bacamarte aperrado, á beira de Simão. Estacaram os homens.

— Fuja, que a égua está ao cabo da rua — disse o ferrador ao seu hospede.

— Não fujo... Salve-se, e depressa — respondeu Simão.

— Fuja, que se ajunta o povo, e não tardam ahi soldados.

— Já lhe disse que não fujo — replicou o amante de