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— E essa menina que foi a causa da desgraça? — perguntou Manoel.

— Isso é uma heroina! — respondeu o corregedor do crime — Davam-na já por morta quando Simão chegou aqui. Desde que soube das probabilidades da commutação da pena, deu um pontapé na morte, e está salva, segundo me disse o medico.

— Conhece-a muito bem, minha senhora? — disse o desembargador á dama, supposta irmã de Manoel.

— Muito bem — respondeu ella, relanceando os olhos ao amante.

— Dizem que é formosissima!

— De certo — acudiu Manoel — é formosissima.

— Muito bem — disse o corregedor, erguendo-se. — Leve este abraço ao pae, e diga-lhe que o condiscipulo cá está leal e dedicado como sempre. Eu tenho de lhe escrever brevemente.

— E outro abraço a sua virtuosa mãe — acerescentou o desembargador.

— Vou desconfiado! — disse o Mosqueira ao collega — Manoel Botelho tinha, ha coisa d’um anno, fugido para Hespanha com uma senhora casada. Aquella mulher, que vimos, não é irmã d’elle.

— Pois se nos mentiu é mariola, por nos obrigar a cortejar uma concubina!... Eu me informarei... — disse o corregedor, offendido no seu austero pundonor.

E no proximo correio, escrevendo a Domingos Botelho,