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VII.

 

João da Cruz, no dia 4 de Agosto de 1805, sentou-se á mesa com triste aspecto e nenhum appetite do almoço.

— Não comes, João? — disse-lhe a cunhada.

— Não passa d’aqui o bocado — respondeu elle, pondo o dedo nos gorgomilos.

— Que tens tu?

— Tenho saudades da rapariga... Dava agora tudo quanto tenho para a vêr aqui ao pé de mim com aquelles olhos que pareciam ir direitos aos desgostos que um homem tem no seu interior. Mal hajam as desgraças da minha vida que m’a fizeram perder, Deus sabe se para pouco, se para sempre!... Se eu não tivesse dado o tiro no almocreve, não vinha a ficar em obrigação ao corregedor, e não se me dava que o filho vivesse ou morresse...

— Mas se tens saudades — atalhou a senhora Josefa