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IX.

 

A verdade é algumas vezes o escolho de um romance.

Na vida real, recebemol-a como ella sáe dos encontrados acasos, ou da logica implacavel das coisas; mas, na novella, custa-nos a soffrer que o author, se inventa, não invente melhor; e, se copía, não minta por amor da arte.

Um romance, que estriba na verdade o seu merecimento, é frio, é impertinente, é uma coisa que não sacode os nervos, nem tira a gente, sequer uma temporada, em quanto elle nos lembra, d’este jogo de nora, cujos alcatruzes somos, uns a subir, outros a descer, movidos pela manivella do egoismo.

A verdade! se ella é feia, para que offerecêl-a em paineis ao publico!?

A verdade do coração humano! Se o coração humano tem filamentos de ferro, que o prendem ao barro d’onde