E, no entanto, Simão Botelho, como o cadaver embalsamado, cujos olhos reluzentes se cravam n’um ponto immoveis, lá tinha os seus immersos na interior escuridade do miradouro. Nenhum signal de vida, e as horas passaram até que o derradeiro raio do sol se apagou nas grades do mosteiro.
Ao escurecer voltou de terra o commandante, e contemplou, com os olhos embaciados de lagrimas, o desterrado, que contemplava as primeiras estrellas, eminentes ao mirante.
— Procura-a no ceu? — disse o nauta.
— Se a procuro no ceu! — repetiu machinalmente Simão.
— Sim!... no ceu deve ella estar.
— Quem, senhor?
— Thereza.
— Thereza!... Morreu?!
— Morreu, álem, no mirante, d’onde lhe estava acenando.
Simão curvou-se sobre a amurada, e fitou os olhos na torrente. O commandante lançou-lhe os braços e disse:
— Coragem, grande desgraçado, coragem! os homens do mar crêem em Deus! Espere que o ceu se abra para si pelas supplicas d’aquelle anjo!
Marianna estava um passo atraz de Simão, e tinha as mãos erguidas.
— Acabou-se tudo!... — murmurou Simão — Eis-me