Saltar para o conteúdo

Página:Ana de Castro Osório - Ás Mulheres Portuguêsas (1905).pdf/172

Wikisource, a biblioteca livre
Ás mulheres portuguêsas
170

como quem, enojado, deita fóra um trapo imundo. O que a não impedia de que fosse uma pobre criatura humilde e inofensiva, e de ser para os outros filhos, senão uma bôa mãe no sentido completo da palavra — o que a ignorancia e a pouca inteligencia lhe não permitiam — pelo menos amoravel e dedicada, sacrificando-se para os alimentar e vestir.

O que determinou essa mulher a cometer tão repugnante crime? A circunstancia ocasional de estar bem numa casa donde não queria sahir e da qual seria fatalmente expulsa, conhecido que fosse o seu estado.

O instincto maternal existe, certamente, mas a miseria umas vezes, outras a educação, o egoismo e as exigencias brutais da vida, têm-no obliterado em grande parte das almas femininas. Como se explicaria por outro módo o horror ao filho, que existe, que é flagrante, em quasi todas as mulheres casadas?!

A alegria com que muitas proclamam não terem filhos que lhes dificultem e atropelem a existencia, estarem assim socegadas nos seus lares sem crianças, é uma bem clara próva. A