Página:Ana de Castro Osório - Ás Mulheres Portuguêsas (1905).pdf/24

Wikisource, a biblioteca livre
22
ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS

em guerra sob a aparencia do amôr e do respeito social.

Os proprios homens as ajudarão nesse empenho, porque nenhum ha que não seja feminista se a mulher victimada fôr a sua propria filha, aquella para quem ambicionou maior soma de venturas e de bem estar.

Não ha pai que não aspire a deixar nas mãos de suas filhas, senão um dote em dinheiro — cada vez mais dificil de juntar honestamente, com as necessidades sempre crescentes da vida moderna — pelo menos um dote em educação e aptidões de trabalho que as pônha ao abrigo de toda a servidão.

Não haverá pai que se não insurja contra a lei, se vir o marido de sua filha pôr e dispôr da fortuna que lhe deu, e sem que a dôna possa sequer gastar o rendimento. Nenhum que se não indigne se o genro a despresar ou maltratar, se lhe prohibir qualquer intervenção na educação dos filhos, se a não atender nos seus conselhos e opiniões, se a não consultar para os negocios decisivos da sua vida, se por capricho ou vaidade se oposer a que exerça uma