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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS
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profissão honesta que a dignifique a seus proprios olhos, se, emfim, o homem fizer da esposa o que de facto a lei quer que seja — a menor sem vontade nem discernimento, a coisa de que o marido é o senhor, o ser humano pertença absoluta doutro sêr, que devia ser seu igual.

Os homens mais autoritarios e rotineiros como maridos, são, como pais, incapazes de apoiar um estado de coisas que apenas dá por garantia de felicidade á mulher que casa, a bondade, a inteligencia e a tolerancia do marido.

É evidente que, na maioria dos casos, mórmente no nosso paiz onde o homem é bondoso por temperamento, ninguem se importa com a letra do codigo feito para uma sociedade onde a esposa era ainda, ou apenas, uma escrava submissa, sem azas para grandes vôos de vontade nem ansias de libertação.

Nas mãos de um doido ou de um perverso, porém, o que poderá ser a vida da mulher que se volta para a lei e a lei manda-lhe simplesmente e implacavelmente: que obedeça! Que se volta para a sociedade, que lhe ordena hipo-