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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS
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as gamas, desde o amôr ingenuo e sentimental até ao amôr falsificado dos adulteros. Os poetas choram os seus e os alheios; os musicos dão-lhe a fórma ritmica; os pintores e os esculptores divinisam-no no marmore polído e na policromia das suas telas...

Rapazes e raparigas, antes mesmo de chegar á puberdade, não pensam noutra coisa, e uns e outros julgar-se-hiam inferiorisados se estivessem cinco minutos na mesma casa sem se defrontarem valorosamente num complicado tiroteio de olhadelas amorosas.

Não será muito pensar num assumpto que só interessa a duas criaturas e por um tempo relativamente curto na vida humana?! Sim, que não interessa nem póde interessar senão a quem o sente e com elle é feliz ou infeliz.

Senão vejamos: V. Ex.ª, que leu e respondeu ao meu artigo, sabe porventura se eu sou casada ou solteira, feliz ou infeliz no casamento, ou pensou sequer em tal?

Porcerto que não, nem isso importaria para lêr o que escrevo e responder o que entende.

É a prova de que a vida psíchica de cada