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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS

individuo é completamente autonoma do seu estado civil.

A independencia da mulher não pode importar o não reconhecimento da autoridade do marido, (um dos grandes receios de V. Ex.ª) porque essa auctoridade existe, senão de facto, pelo menos de direito, emquanto existirem as leis que hoje nos governam, leis que a mulher deveria conhecer quando vai casar, leis que a tornam uma menor sob a tutella directa do homem.

O que será o futuro não o podemos prevêr, de tal maneira a educação da mulher modificará a sociedade.

Diz V. Ex.ª que a mulher independente poder-se-ha desafrontar do marido que a atraiçoa atraiçoando-o por sua vez.

Poderá ser, mas isso o que prova? Apenas o que já disse — que, infelizmente, o cultivo da inteligencia nem sempre acompanha a honestidade e que essas mulheres se subalternisam tornando-se criminosas como aquelles que condemnam, irmanando-se ás levianas que hôje o fazem, a maior parte das vezes por inconsciencia.