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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS
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A mulher independente que tal fizer, não terá por motor a independencia mas tão sómente o capricho ou o temperamento, e em qualquer circumstancia, portanto, faria o mesmo.

Com respeito á proscripção da mulher erudita da familia, não é, não pode ser, uma regra. Assim como ha homens que, não obstante serem intelectuaes, são bons chefes de familia, o mesmo sucede ás mulheres.

Nem em Portugal temos o direito de pensar doutra maneira, tendo na ilustre mulher, que é uma verdadeira erudita, D. Carolina Michaëlis de Vasconcellos, o exemplo vivo do que se pode ser ao mesmo tempo como mulher de sciencia, como esposa e como mãe exemplar.

Haverá mulheres que, pela sua profissão, se vejam obrigadas a estar afastadas do lar e dos filhos uma parte dos seus dias?... É certo; mas quantas os não abandonam hôje, sem esse imperioso motivo? E quantas, tambem, estando sempre em casa, tendo por unico obrigação o seu amânho ou direcção, não mandam as criancitas, ainda mal desmamadas, para a sujeição das mestras?! Quantas?!... Quasi todas as mães