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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS

sem oficio nem emprego, as da pequena burguesia, essas mesmas que não querem instruir-se mais, nem se querem tornar independentes,— exatamente para não terem a maçada de trabalhar...

Se, em geral, a mulher portuguêsa filosófa — que para trabalhar escusava de casar!... Já os senhores estão vendo o que lhes devem.

Depois, álém dessas mulheres que mandam os filhos para os colegios embora não tenham emprego fóra de casa, o que diz ás que têm as suas visitas, os seus passeios, os seus divertimentos, e que por igual são por esses motivos imperiosos afastadas dos filhos, com menos utilidade, parece-me, do que pela doença de um semelhante ou pela retorta de um laboratorio?!

Poder-se-ha dizer que a mulher intelectual despresa os modestos mesteres do seu lar, quando a propria Clemence Royer costurava a sua roupa e entretinha os seus ocios trabalhando como qualquer críaturinha que não saiba ao certo em que parte do mundo está situado o paiz que tem a dita de lhe ser berço?

Não se póde dizer que a mulher erudita tem