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Página:Ana de Castro Osório - Quatro Novelas (1908).pdf/15

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A VINHA

esperança das férias, a contagem dos dias que faltavam para essa felicidade tão desejada e retardada sempre.

Quando se aproximava esse abençoado mês de setembro e elle já só esperava a ordem para embarcar no grande comboio resfelegante que o levaria ao conchêgo da familia e ao abrigo das velhas paredes amigas, que tinham viste nascer e crescer umas poucas de gerações de rapazes como elle, uma carta vinha preveni-le de que agnardasse o pai para seguirem ambos para uma dessas famosas praias do litoral onde um mês se passa sem se sentir na vida duma criança.

Assim foi passando o tempo: aos anes de colegio seguiram-se os da escola, sempre despreocupados e alegres, sem que coisa alguma o preparasse para o martirio incomportavel que estava agora sofrendo, sem que coisa alguma lhe fizesse supôr o doloroso drama, obscuro e martirisante, que lá longe se ia desenrolando lentamente, esmagando com ferocidade os corações que tanto lhe queriam...

Tambem, que satisfação, livre de preocupações, elle teve quando recebeu aquella carta em que Eduarda lhe dizia, entre coisas ligeiras e banais: — que tinham resolvido vender a velha casa e o quintal para irem viver para Lisbôa. Ficariam assim mais perto delle,