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Página:Ana de Castro Osório - Quatro Novelas (1908).pdf/19

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A VINHA

que só reconheceria o pai, com certeza, se os não esperasse, tal era a diferença que faziam as luas: Eduarda, una mulher porfeita, sem nada que recordasse a criança esbelta que deixara; a mãe, debilitada e encanecida, tão vélhinha, que não podia afirmar que não houvesse engano.

Oh, mas a vélhinha é que o reconhecia bem, ao seu Luis, beijando-o e abraçando-o com frenesi e achando-o mil vezes mais bonito do que ao retrato.

Tambem Eduarda o abraçou alegremente e achou muito bom, apesar de um pouco menos forte do que ella, que se talhara e desenvolvera longe da atmosféra falsificada da cidade, no puro ar criador da montanha.

Chegou tambem a vez da Maria o abraçar, — Maria, a criada fiel que os acompanhara sempre, que era alguem na familia, uma pessoa que a todos satisfazia e com quem todos contavam.

Inolvidavel momento aquelle que os reunia, depois de tão grande e inexplicavel afastamento; encantador de contentamento esse primeiro repasto, num restaurante trivial da Baixa, para darem tempo a que as bagagens podessem chegar á casa muito alegre que elle escolhera, com vistas sobre todo o estuario azul do Tejo, onde a lua entornava, nessa2}}