noite gloriosa de junho, a sua luz branca e leitosa, vagamente adormecedora...
Luis sentiu-se orgulhoso com os elogios que a sua escolha cuidadosa mereceu á irmã e queria convencer a mãe de que nada havia que se comparasse ao espétáculo grandioso de toda essa cidade picada de luzes, estirando-se ao longo do rio, que centenares de pequenos faroes faziam também palpitar e viver, como outra cidade flutuante.
A pouco e pouco, abertas as malas para que tudo fosse colocado no seu logar, Luis começou a reconhecer com enternecimento as velhas coisas que os seus olhos de petiz haviam conhecido e admirado. Foi com alegria quasi infantil que levou á mãe a velha caixa de xarão, herança da avósinha, onde eram guardadas cuidadosamente as pequeninas coisas preciosas que queriam roubar á curiosidade, nem sempre segura, das suas mãositas de criança.
Uma chávena, uma jarra, qualquer coisa em fim que ia aparecendo, lhe ia trazendo uma saudade da infância longínqua e que esvoaçava agora na sua alma como farrapo branco de nuvem distante a dissolver-se num rubro poente.
A mãe, que um momento ficara só junto delle, chorava silenciosamente, olhando-o com ternura.