Página:Ao correr da pena.djvu/206

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desde que, como é natural, os seus lucros não corresponderem às esperanças do comércio.

Cumpre também - já falamos em companhias - que o governo trate de exos, em tantas negligências, que é provável haver um fundo de verdade nas exagerações que costumam envolver certas censuras.

E sobre isto me parece que é tempo de quebrar-se esse círculo de ferro do exclusivismo e do monopólio, que tanto mal começa a fazer à nossa navegação de costeio. O privilégio é um agente aproveitável nos países novos; mas convém que seja empregado com muita reserva, e unicamente no período em que a indústria que se quer proteger ainda não tem o desenvolvimento necessário.

Atualmente que nos nossos estaleiros e na Ponta da Areia, já se constroem tantos vapores próprios para a navegação do interior, qual é a vantagem que resulta das empresas privilegiadas? Não é isto matar a concorrência, e impedir que uma indústria útil se desenvolva e se aperfeiçoe?

Repetimos. O governo deve examinar escrupulosamente este objeto; e não só abster-se de conceder incorporações de companhias privilegiadas desta natureza, como desautorizar, na forma do código comercial, a existência daquelas que não tiveram cumprido as condições da sua organização.

É porque desejamos unicamente o bem do país que tememos esses desvios no espírito de empresa que se está desenvolvendo tão poderosamente no Império, e sobretudo na praça do Rio de Janeiro.

Entretanto há algumas companhias, como por exemplo a da Rua do Cano, que se incorporou ultimamente com o nome de Reformadora , a qual deve merecer do governo toda a proteção, por isso que para o futuro ela pode vir a realizar grandes melhoramentos urbanos, e criar um sistema de arquitetura