Rio, 1º de abril
Descobriu-se afinal! A questão das custas é uma querelle d'allemand! O regimento foi o pretexto, e a causa verdadeira não se pode conhecer.
Quem sabe! Talvez os que censuram o regimento sejam empregados da Secretaria da Justiça, ou eminentes jurisconsultos incumbidos da fatura de códigos civis!
Os defensores, estes, são homens independentes, que nunca solicitaram coisa alguma do Ministério da Justiça, que podem ter aceito uma comissão científica, sem por isso haverem transigido com a sua consciência, ou desistido da mais ampla liberdade de pensamento.
O que, porém, há de notável nisto é que a censura não procura disfarçar-se com a capa do anônimo, ao passo que o elogio tem pejo, tem vergonha de aparecer em público com o seu verdadeiro nome. Como é bela e louvável essa modéstia dos grandes talentos!
Mas qual será essa verdadeira causa que não se pode conhecer? Será alguma das anedotas que se contam por aí a respeito da maneira por que vai a nossa repartição da justiça? Será um desses muitos mistérios de secretaria que já começam a divulgar-se, e a tomar as proporções de um grande escândalo?