Página:Ao correr da pena.djvu/253

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Rio, 15 de abril

Nestor Roqueplan, o espirituoso escritor que tão exatamente descreveu o tipo do larmoyeur, esqueceu-se de classificar uma das espécies mais interessantes deste gênero de bípede implume: o larmoyeur jornalista.

É verdade que esta importante descoberta estava reservada para nossos dias. Conheciam-se diversas classes de larmoyeurs, como políticos, os parlamentares, os pretendentes, os conquistadores; mas o larmoyeur jornalista só apareceu pela primeira vez no sábado da aleluia, no dia de Judas.

Apareceu declarando que estava triste, muito triste, e queixando-se, e pedindo que o consolassem! Que pena! Que pena!...

Lastimava-se por causa do dia? Não creio; é mais natural que se ressentisse de alguma injustiça grave, que estivesse possuído de algum despeito violento.

Que pena! Consolai-o, leitores, porque do contrário ficareis privados do vosso divertimento das quintas, da graça e do espírito de tão belos artigos. Napoleão quer abdicar; César recusa o império; Talma retira-se do teatro! Oh! desgraça!

Acho escusado dizer-vos a folha a que devemos essa tão curiosa invenção do larmoyeur, assim como o nome do seu abençoado autor.