Oposicionistas?... Quero dizer queixosos. Oposicionista é uma palavra antediluviana, cujo sentido se perdeu na confusão das línguas da Torre de Babel, e que naturalmente existiu no tempo que havia governo.
Oposicionistas ou queixosos eram dois belos tipos a estudar. Isto é, eu pensava que eram dois: mas, fitando-lhes a minha luneta, vi com pasmo que ambos pensavam não só da mesma maneira, mas com as mesmas palavras.
— A falar a verdade, diziam os olhos de ambos, é uma asneira comprometer-me com o ministério, que parece estar seguro a duas amarras. O melhor é esperar!... entretanto vamos a ver se este sujeitinho, que aqui vai, toma a coisa ao sério, e mete-se na corriola!...
Quase ao mesmo tempo em que terminavam esta idéia luminosa, um deles virou-se para o outro:
— Então sempre está decidido?
— De pedra e cal.
— Pois conta comigo.
Um sorriso, um aperto de mão, e separaram-se na mais estreita entente cordiale.
Um tomou a direção do Caminho Novo de Botafogo; o outro entrou no Jornal do Comércio.
Estava ainda moralizando o fato, em pé na porta do Walerstein, quando descobri um moço político, esperanças da pátria, que vinha mordendo os beiços de uma maneira desesperada.
— Que lhe terá acontecido? Disse eu comigo.
E assestei-lhe a luneta.
Um interessante monólogo, que tinha lugar no seu espírito, acompanhava as furiosas mordeduras de beiços.
— Que época! Que época! pensava o homem. Le monde va de mal em pire. Tudo se profana! Tudo se desmoraliza!