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Página:As Caçadas de Pedrinho (1ª edição).pdf/8

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— Que aconteceu? perguntou Pedrinho, ao ve-lo chegar, todo arrepiado e com os olhos cheios de susto. Está com cara de marquês que viu onça...

— Não vi, mas quasi vi, respondeu Rabicó tomando folego. Ouvi um miado suspeito e dei com uns rastos mais suspeitos ainda. Não conheço onça, que dizem ser um gatão assim do tamanho dum bezerro. Ora, o miado que ouvi era de gato, mas muito mais forte, e os rastos tambem eram de gato, mas muito maiores. Logo, era onça!

Pedrinho refletiu sobre o caso e achou que bem podia ser verdade. Correu em procura de Narizinho.

— Sabe? disse-lhe ele. Rabicó descobriu que anda uma onça no capoeirão dos taquarussús!...

— Uma onça!... Não me diga! Vou já avisar vόvό...

— Não cáia nessa, advertiu o menino.. Medrosa como é, vóvó ou morre de medo ou trata de nos levar incontinenti para a cidade. Muito melhor ficarmos quietos e caçarmos a bicha.

A menina arregalou os olhos.

— Está louco, Pedrinho? Não sabe que onça é um bicho feroz que come gente?

— Sei, sim, como tambem sei que gente mata onça.

— Isso é gente grande, bobo!

— Gente grande!... repetiu o menino com ar de pouco caso. Vóvó e tia Nastacia são gente grande e no entanto correm até de barata. O que vale não é ser gente grande e sim ser gente de coragem, e eu...

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