Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/11

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Vestidos com maior apuro do que punham nos trajes domingueiros, homens e mulheres saudavam-se entre si com tal effusão, desejando as boas sahidas e estreias de ano; apertavam as mãos com tamanha cordialidade, que percebia-se na disposição geral dos animos a doce influência de um motivo qualquer de regozijo público.

Com efeito não era a festa do anno bom a causa unica da jovial expansão; outra havia. Aquelle dia estava marcado para os festejos com que a Bahia desejava solenizar a chegada do novo Governador geral do Estado do Brasil, D. Diogo de Menezes e Siqueira, que depois de haver permanecido um ano na Capitania de Pernambuco para dispor sobre coisas da administração, aportara finalmente à capital no dia 17 de dezembro de 1608.

Não havia exemplo de semelhantes demonstrações em uma cidade onde os governadores e capitães-generais, revestidos de poderes absolutos, eram recebidos com desconfiança, e muitas vezes despedidos com alegria. Mas D. Diogo de Menezes, depois Conde da Ericeira, e um dos abalizados varões que governaram o Estado do Brasil, merecia pelo seu nobre caráter e espírito superior uma demonstração especial da parte dos bahianos.