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AS MINAS DE PRATA

Comtudo, essa unica circunstancia não bastara para excitar na classe rica o desejo de receber o novo governador com festas publicas, si o interesse, primeira lei das acções humanas, não inspirasse o mesmo pensamento como um hábil expediente de política colonial.

Durante o tempo que se demorára em Pernambuco, D. Diogo de Menezes tinha revelado sua força de vontade; e mostrára o firme proposito de repellir a intervenção que o Bispo D. Constantino Barradas e a Companhia de Jesus exerciam anteriormente sobre o governo temporal. A luta se travara com uma questão de etiqueta e precedência, a que dera logar a procissão do Corpo de Deus celebrada em Olinda.

Justamente n’essa epocha os senhores de engenho, que formavam a classe nobre e rica da Bahia, sustentavam contra os jesuitas a grande questão da servidão dos indios; e comprehendiam a vantagem de ter de seu lado um homem como D. Diogo de Menezes, cujo voto authorizado devia pesar nas decisões do Conselho da India e no animo de El-Rei D. Filippe III.

Por isso, chegado que foi o Governador, se concertaram para fazer-lhe uma recepção brilhante.