concebera em algum momento de enlevo e cristalizara com um beijo de mãe.
Tudo era mimoso e delicado no corpo gentil que palpitava de esperança e amor, ondulando no requebro suave, desatando nos movimentos faceiros como se a alma lhe vertesse dos lábios, para embebê-la de luz e envolvê-la toda em um só e único sorriso.
A coifa de fios de ouro, colhendo as tranças negras em volta da cabeça, ia terminar em coração na fronte pura, onde os cabelos riçados anelavam-se como espiras de um diadema, lembrando o gracioso penteado, a que uma rainha infeliz dera seu nome.
As sobrancelhas arqueavam como traços fugitivos de um pincel embebido em nanquim; e as pálpebras ligeiras, ou cerravam-se beijando as faces com os longos cílios e azulando a tez com as tênues sombras, ou deslaçavam como folhas de rosa nadando em gotas de leite.
Nesses rápidos instantes via-se a limpidez e a perfeição de seus grandes olhos; a pupila negra, engolfada no cristalino úmido e transparente, coalhava em glóbulos de luz branda e serena; o olhar não