Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/135

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era visão, sim reflexo da irradiação íntima, doce fulgor de inocência e candidez.

Aljôfar diáfano enrubescendo aos raios do sol; alva lençaria corando ao reflexo de fitas escarlates; fino esmalte onde o branço e o carmim se cambiam; nem uma dessas imagens pode dar uma ideia da cútis mimosa, que aveludava-se aos toques da luz.

Brincava-lhe o coração nos lábios rosados, que enflorava o meigo sorriso, abrindo nas faces duas covinhas graciosas, ninhos feiticeiros, onde se incubavam desejos de amor estreme; porém às vezes uma expressão séria colhia esse deslace das feições gentis, e traçava em toda a pureza as linhas harmoniosas, que, desenhando o colo flexível, torneavam as espáduas e iam fugindo perder-se na volta de um colarinho de renda.

O corpilho de lhama de ouro, atufando-se para debuxar o relevo de dois seios de virgem, depois estreitando para moldar o talhe esbelto e senhoril, cerrava a cintura de menina, e abria as asas sobre as amplas dobras da saia de raso branco, que arfava com o influxo das formas sedutoras.

Das largas mangas de volante, apanhadas por um broche, escapavam os lindos braços cujos contornos