Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/136

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divinos pareciam talhados no mais cândido alabastro; as mãos pequenas e melindrosas, uma machucava a cambraia rendada de um lenço de Valência, a outra brincava no regaço, alisando distraidamente os rofos do cetim.

Trazia gargantilha e pulseira de rubis; o cinto de veludo azul era broslado de ouro e cravejado de gemas preciosas; dois lindos diamantes engastados nos pingentes das arrecadas tremulavam suspensos à pontinha da orelha, como gotas de orvalho pendurando-se das pétalas de uma flor ou borbulhando nos lábios de uma concha nacarada.

Tinha a cabeça recostada no espaldo do coxim de veludo, e deixava os olhos vagarem incertos pela cena que se desdobrava em face, acompanhando o fluxo e refluxo da multidão alegre e pressurosa.

Eis que súbito rubor acende-lhe a cor mimosa das faces; e ligeiro estremecimento, de sensitiva que se arrufa, corre-lhe pelos ombros delicados.

As pálpebras cerraram; o sorriso que ia desabrochar fugiu dos lábios; a mãozinha buliçosa descaiu-lhe imóvel; a fronte inclinou timidamente; o seio ofegou, comprimido por uma sensação estranha.