A menina enrubesceu e só pôde fazer um gesto negativo; porque a voz prendeu-se-lhe nos lábios.
— Tem um nobre parecer, continuou o fidalgo; sua divisa é o verso de um grande poeta romano.
— Mas a primeira palavra não é latim! acudiu Inesita com vivacidade.
— Tem as mesmas letras e o mesmo sentido: diverge porém na pronúncia; diz-se, ámor.
— Ora! Nas falas portuguesas é mais doce! respondeu a menina ingenuamente.
— E também nos corações portugueses! replicou o governador galanteando.
— E a significação do verso?
— Tendes razão. Ei-la: O amor tudo vence. Que vos parece? Não é gentil, e sobretudo verdadeira?
— Quem sabe! murmurou a donzela tornando-se melancólica de repente.
— Oh! lá está D. Fernando de Ataíde que traz um moto a fazer inveja aos mais esforçados lidadores dos tempos da cavalaria: Desgraçados dos que baterem no seu escudo.
Inesita sorriu com desdém.
— Vosso irmão é que foi lacônico: Ære! Disse muito em uma palavra: seu escudo é de bronze.