Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/31

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sorriso. Não queres que me volte para não ver onde vão presos esses olhos.

— Vão a Deus.

— A Deus no céu, e a ele na terra.

— Minha tentação, queres sossegar?

— Não me deixeis cair em tentação!... continuou Elvira com ar de malícia e fingindo que orava.

— Com as palavras sagradas não se brinca!... É pecado! disse Inesita séria.

— A quem o dizes? A mim que sei todas as rezas! Minha mãe tem tido o cuidado de mas ensinar; ainda hoje, sabes a penitência que me deu? De recitar uma ladainha maior do que a Rua dos Mercadores!

— E foi isto que te demorou?

— Não, Inesita, respondeu a moça perdendo de repente o seu ar faceiro e entristecendo, foi coisa pior... Oh! muito pior!

— O quê?

— Chorei toda a noite.

— Ele te...

— Ele não, mas por causa dele. Minha mãe não quer ir hoje à festa.

Inesita teve um triste sobressalto, e emudeceu buscando no espírito um meio de amparar a amiga: