— Se pedir-lhe eu?
— É escusado; quando lhe metem alguma coisa de religião na cabeça, não há volta; disseram-lhe que não está bem a uma dama devota ver folguedos do mundo.
— E tu perdes tão lindas coisas?
— Hão de estar galantes as corridas, não é verdade? Depois me contarás?
— Sem faltar nada. Mas ninguém dirá, ao ver-te tão prazenteira, que hajas chorado toda a noite.
— Que queres? Quando cheguei esqueci tudo, para só me lembrar que estava perto de ti.
— De ti!... disse Inesita inclinando imperceptivelmente a cabeça para o lado da grade, sem contudo erguer os olhos.
Elvira reparou no movimento da amiga e quis tirar sua desforra.
— Bem sei, respondeu ela travessamente, que estar perto de uma é estar perto do outro; a sombra acompanha o corpo.
— Vamos rezar, menina, acudiu Inesita meio enfadada.
— Vamos. Sabes tu as Obras de Misericórdia?
— Que pergunta!
— Não as sabes, não; porque elas mandam consolar os aflitos;