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Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/38

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de papel pautado, tangida pelo braço robusto, assentou no respaldo da grade do coro a palmada estridente e simbólica.

Era o sinal para começar a missa cantada; primeira pancada de compasso que abria o solfejo de velho in-fólio colocado sobre uma estante.

O mestre de capela, cheio de sua importância, meneava aquela tira de papel pautada com a galhardia de um general brandindo a espada vitoriosa em frente ao seu exército no momento da batalha.

Os meninos do coro tomaram seu lugar; uma exígua figura, coberta de longa capa de raso preto, saiu do esvão da torre, e dirigiu-se lenta e compassadamente para o teclado do órgão, sobre o qual estava aberto um grosso alfarrábio das solfas do P. Manuel Mendes.

A cor lívida, os olhos profundos e cingidos de uma orla de bistre, as faces encovadas, davam àquele semblante um aspecto triste e lúgubre; os cabelos grisalhos e revoltos caíam sobre a testa vasta e proeminente; o hábito do estudo lhe acurvara o corpo emagrecido, diminuindo aparentemente a estatura raquítica, que pouco excedia de cinco palmos craveiros.

Tal era o licenciado Vaz Caminha, o mais sábio letrado