da cidade do Salvador, que apesar de suas elucubrações forenses e da gravidade do ofício, fazia ao mestre de capela a mercê de tocar órgão na Sé, por ocasião de grandes festividades, mediante a espórtula de um tostão em prata e o jantar na mesa do senhor bispo, quando este se achava na Bahia.
O discípulo de Bártolo e Scoto endireitou a tripeça, sentou-se traçando as perninhas em forma de cruz grega, e apoiando o queixo sobre o polegar da mão esquerda, sestro que lhe era familiar, esperou o segundo sinal.
— Sua senhoria acaba de chegar, disse o mestre de capela. Podemos dar começo, se vos praz, senhor licenciado.
— Por mim não se espere, mestre Bartolomeu.
— Atenção! exclamou o chefe da orquestra, voltando-se para os meninos do coro. Atacar o ut com presteza, subito, compasso quaternário.
E erguendo a braço hercúleo, e volvendo uma última vista em torno, assentou com o rolo de música um segundo estalo, que foi o prelúdio da mais tremenda algazarra jamais ouvida em templo cristão.
Os gritos agudos e esganiçados dos meninos do coro, impelidos com toda a força dos pulmões