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Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/40

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feriam o ouvido como o estrídulo metálico do canto da uiraponga; no meio do alarido troava, mugia, a voz de baixo profundo do mestre Bartolomeu, que com uma só nota enchia o vasto âmbito da catedral.

O monstruoso concerto durou cinco minutos em formidável crescendo; baixando afinal de tono em tono, reboando pelas altas abóbadas, expirou como o trovão que rola ao longe pelas nuvens, ou o oceano encapelado quando geme sob a refega do vento.

No entanto o licenciado Pero de Campos, deão, que oficiava na ausência do bispo, revestido dos guisamentos sacerdotais, subia ao altar acompanhado dos dois acólitos; e o cantochão desafinado dos cônegos respondeu dignamente ao desafio musical da orquestra.

O mestre de capela, à guisa de alguns cantores modernos desempenhava ao mesmo tempo dois papéis, o de baixo e o de contralto; cerrando pois as largas queixadas, expeliu pelo nariz uma voz de tiple, fanhosa e esguichada, que meteria inveja ao mais alentado eunuco da Capela Sistina; era um alegro predileto do grande solfista.

Assim, apenas terminou, ainda com as bochechas insufladas e o suor a correr-lhe pela touta, voltou-se