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Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/169

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Enganaram-se porém.

O autor no abrir a capa do alfarrábio, voltou atrás e deixou-a cair.

— V. Reverência talvez não saiba a história deste livro?

— Não, padre-mestre, não sei. Pois tem uma história? perguntou o assistente com resignação evangélica.

— Tem-na, como tudo neste mundo.

— Bem pensado, P. Soares!

Os jesuítas olharam-se com desespero mudo e concentrado; em vez do prólogo escrito, que talvez só fora adiado, tinham um proêmio oral.

O P. Soares começou:

— Quando chegou a Madrid em 1593 a notícia de ter Robério Dias morrido sem indicar o lugar onde jazem as minas de prata, levantaram-se diversos boatos. No dizer de uns, Robério despeitado porque El-Rei não lhe dera o título de marquês, vingara-se levando desta vida o segredo. Acreditavam outros que ele estava de boa-fé, e nada revelara por se ter desencaminhado um roteiro que seu pai fizera no descobrimento. Queriam muitos finalmente que tais minas só tinham existido na voz pública, in voce populi.