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Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/180

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receio de pecar por ignorância, padre visitador; não falta de zelo, menos soberba.

— Bem; não comece pelo rigor o uso do pleno poder que o sumo prelado da Companhia nos confiou para governo desta Província: vá apostolar o P. Inácio. Quando V. Paternidade se achar só com a sua consciência, conhecerá que tínhamos razão; estou que nos virá então de ânimo contrito. Saiba porém que o maior martírio que levamos em oferenda ao Senhor não é o martírio da carne, que nos tinge de vermelho a túnica e macera este pó de que fomos amassados. Oh! que não! Há mais cru e de maior angústia. É o martírio d'alma, cheia de caridade e crivada das dores que afligem a pobre humanidade; é a coroa de espinhos do apóstolo mandado para resgatar o homem do pecado com as lágrimas e sofrimentos do próximo. Esse sim é martírio; não de sangue, mas do espírito.

Nesse momento o P. Figueira acompanhado do escudeiro de D. Luísa aparecia na extrema do corredor.

O escudeiro penetrando no convento, correra direito à cela do confessor de sua ama, e sem dar-lhe tempo de vestir a capa, anunciara a que vinha:

— Padre-mestre! Padre-mestre!