Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/223

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com que travou do largo chanfalho, fez tiritar o coração aos aventureiros; o seu primeiro passo deu-lhes asas; de modo que arremetendo contra eles, já não achou homem para o bote que levava feito. Todos haviam desaparecido.

Volver de uma corrida, desenvolver o pulo e saltar o fosso, foi para o capitão de mato negócio de um jato. Mas em mofina hora o fez; porque a esse tempo já o Anselmo conseguira segurar-se à borda fronteira. Quando pois João Fogaça bateu com as pesadas chancas na beira mesmo do terreiro, sentiu que o mariola lhe travava das mãos ambas o tornozelo esquerdo. Felizmente conseguiu agarrar-se a um ramo de árvore, mas foi preciso para isso largar a farrusca.

Assim suspenso por um pé à borda do valo, resistindo no outro aos esforços repetidos do Anselmo que trabalhava por derrubá-lo, sentindo estalar o ramo que vergava com seu peso, João Fogaça via com desespero Cristóvão a morrer ali a seus olhos, quase ao alcance do braço, sem poder valer-lhe. Debalde abaixava-se para alcançar o espadão; era vão intento.

Nisto reboou no silêncio da noite o estrupido cadente de rápido galope.