A voz do capitão de mato, aquela voz possante e sonora, ecoou quase uníssona, lançando duas vezes a pequeno intervalo o grito de socorro:
— Aqui!... De Deus e de El-Rei!...
Quando o som da voz se dissipou no ar, tudo voltara ao silêncio; já não se ouvia o galope do cavalo. Mas a ansiedade foi curta. O som das patas do animal repercutiu de novo e mais próximo; logo depois uma voz:
— Quem vai lá?
— Cristão e português, prestes a morrer às mãos de seis assassinos! respondeu João.
— Estácio!... balbuciou Cristóvão sucumbindo afinal.
Era de feito Estácio Correia.
Deixando Vaz Caminha, corria um galope desesperado sobre Nazaré. Por cima de barrancas e corcovos, através balsas e matagais, lá se ia o cavaleiro com seu pajem na garupa. Essa corrida louca e esvairada como que lhe acalentava o sofrimento. Gil seguro à cintura do moço, fechava os olhos para não ver; ele tremia, é certo, mas uma ideia o consolava. Pensava que se o cavalo arrebentasse nalgum estrepe, ficariam bem magoados